Trataremos neste post sobre a Visão de Processos, hoje comumente adotada por diversas empresas e atribuída como recurso da gestão. Mas antes de nos aprofundarmos neste assunto vejamos um pouco do desenrolar histórico do século XX.

Alguns acontecimentos relevantes para Ciência e Tecnologia:

Anos 70

  • 15 de novembro de 1971 - A Intel lança o primeiro microprocessador do mundo, o Intel 4004.

Anos 80

  • 30 de setembro de 1980: publicado o padrão da ethernet (tecnologia para redes locais).
  • Janeiro de 1983: a empresa Apple lança o computador Macintosh.

Anos 90

  • Em 24 de agosto de 1995 é lançado, pela Microsoft, o sistema operacional Windows 95.
  • Em 27 de setembro de 1998 foi fundada a empresa Google.

Bem senhores, estes acontecimentos citados acima servem apenas para termos noção dos grandes marcos para a tecnologia durante estas três décadas, pois se avaliarmos bem estes feitos ditaram as novas práticas empresariais que hoje nos baseamos. E é justamente ai que estabeleceremos o nosso foco, nessas mudanças do mercado, mais precisamente nas práticas de gestão.

De prontidão vamos destacar uma década de suma importância para as resultantes formas de negócio estabelecidas até então, mais precisamente os anos 80, tido por muitos estudiosos como o início da Idade da Informação, mas o seu mérito vem precedido da década anterior onde, do ponto de vista da Gestão, temos como principal acontecimento a BUSCA DA PRODUTIVIDADE , destacando as técnicas de análise de filiais, a introdução do conceito de fluxo de caixa e o aparecimento do planejamento estratégico.

Mas como dito anteriormente o nosso foco está voltado a década de 80, e o que ela tem de tão significativo?

Pois bem senhores, esta década é intitulada de A OBSESSÃO PELA QUALIDADE, destacando o surgimento da técnica de análise de valor, a publicação do primeiro balanço social pela ABB - Asea Brown Boveri, a filosofia do just in time e a explosão da qualidade total. Quase no início dos anos 90, mais precisamente em 1987 foi criada a ISO 9000 para sedimentar a preocupação com a qualidade, sofrendo posteriormente várias implementações em várias versões, podemos destacar duas em especial, a ISO/IEC 9126 voltada a qualidade do produto e a ISO/IEC 12207 destinada a qualidade do processo.

E foi neste cenário que alguns teóricos estabeleceram metodologias para estes novos desafios da gestão, baseados na busca pela qualidade e a melhoria do desempenho situacional, mas ainda havia uma problemática, como obter tal entendimento, como definir o nível de maturidade da minha empresa, como representar o fluxo e as atividades das coorporações ??

A resposta estava na visão de processos. A reformulação do mercado, a necessidade de aumento de produção, a preocupação com a qualidade, estes entre outros fatores, levaram Michael Poter (Professor da Harvard Business School, com interesse nas áreas de Administração e Economia e autor de diversos livros sobre estratégias de competitividade) a sugerir suas aplicações de estudo. Em 1991 fomentou junto a outros tantos estudos da época, a ideia de se possuir A Macrovisão Organizacional Através da Cadeia de Valor.

Apesar de várias críticas que a proposta de Porter recebeu, ela tem sido utilizada como referência para a gestão por processos. Ampliados certos limites, a abordagem da cadeia de valor vem amparando as metodologias de gestão por processos. Podemos dizer que a macrovisão expressa pela cadeia de valor concebe a organização em grandes processo, enquanto os processos refletem os fluxos de trabalho diários da empresa. Juntos, macrovisão e processos representam a ação da empresa para cumprir a missão organizacional. (trecho retirado do livro Análise e Modelagem de Processos de Negócio)

Mais afinal o que são os Processos ??

Segundo a ISO 9000 processo é:

um conjunto de atividades interrelacionadas ou interativas, que transformam entradas em saídas.

Segundo um dos criadores da Reengenharia,

um processo é simplesmente um conjunto de atividades estruturadas e medidas, destinadas a resultar num produto especificado para um determinado cliente ou mercado.[...] É, portanto, uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim e inputs e outputs claramente identificados: uma estrutura para a ação.[...] Enquanto a estrutura hierárquica é, tipicamente, uma visão fragmentada e estanque das responsabilidades e das relações de subordinação, a estrutura de processo é uma visão dinâmica da forma como a organização produz valor.[...] A adoção de uma abordagem de processo significa a adoção do ponto de vista do cliente. Os processos são a estrutura pela qual uma organização faz o necessário para produzir valor para os seus clientes.[...] Os processos precisam de donos claramente definidos, que sejam responsáveis pelo projeto e execução e que façam com que as necessidades dos clientes sejam satisfeitas. A dificuldade de definir a propriedade é que os processos raramente seguem os limites existentes de poder e autoridade organizacional.

Neste contexto começamos a perceber a importância de se obter a visão detalhada de suas atividades, a visão de processo. E enquanto gestores podemos refletir nas seguintes questões:

  • Eu conheço todo o funcionamento do meu negócio?
  • Eu detenho o conhecimento do meu negócio?
  • Eu tenho mapeado e documentado o fluxo de atividades do meu negócio?

Para os atuais cenários coorporativos, ter a visão do todo detalhada em atividades, sendo estas entendidas como processos de entrada e saída é uma das maiores ferramentas gerenciais para otimização e melhoria. Este entendimento possui embasamento em metodologias de gestão atual, como o BPM - Business Process Management sendo este a fonte  de sucesso de diversas organizações.

Com isso temos então iniciado os primeiros entendimentos sobre a importância de uma análise voltada aos processos, esta compreensão é necessário pois nos próximos posts trataremos diretamente sobre a metodologia BPM.

Referência

Santos, L. R. (2003). Gestão da maturidade de processos essenciais - convergência para o futuro. RAE eletrônica . Valle, R., & de Oliveira, S. B. (2012). Análise e Modelagem de Processos de Negócio foco na notação BPMN. São Paulo: Atlas.