Tem se tornado cada vez mais comum a existência de times remotos. Pessoas espalhadas pelo país ou pelo mundo trabalhando com os mesmos desafios de times presenciais. Desenvolver produtos, realizar entregas, alinhar projetos. Remoto ou presencial os desafios permanecem os mesmos. Mas e aí ? Será que o tratamento e a facilitação para boas reuniões também são ?

A princípio parece que não existe a necessidade de facilitações para ambientes remotos. Mas espera ai, se estamos falando de desafios iguais aos dos presenciais, este tipo de raciocínio acaba não sendo verdadeiro. Reuniões de pareamento, retrospectivas, diárias, etc. Estar remoto acaba sendo um fator mais preocupante para um facilitador. A sinergia que acontece pela interação direta de uma vivência presencial precisa ser adaptada e construída também no ambiente remoto e para isso vamos entender dois conceitos que podem ajudar com essa missão.

Energizers e Gamifications. Essas são duas técnicas bem poderosas para construir ambientes divertidos e com pessoas engajadas. Se quebrar o gelo já é algo necessário com as pessoas que se olham a todo momento, imagina com as que ficam espalhadas pelo mundo. Inicialmente vamos entender um pouco sobre elas.

Energizer

Segundo o Paulo Caroli:

            Energizers são atividades opcionais que servem para aquecer a equipe e promover interação no grupo. São um ótimo começo para qualquer reunião de equipe. E são muito valiosos para fases iniciais de formação de equipes.        

Então, o primeiro desafio será promover formas divertidas de causar um engajamento em times remotos.

Gamification

Agora um outro conceito bastante interessante é de Gamification. Segundo uma pesquisa realizada pelo departamento de psicologia da Leiden University, na Holanda, e de acordo com Gabe Zichermann, autor do livro The Gamification Revolution, a gamificação ou gamification, tem como base a aplicação do mecanismo e do raciocínio da criação de jogos em diversas atividades, tornando-as mais interessantes e proporcionando uma boa experiência para o público-alvo.

Enquanto facilitadores, precisaremos então proporcionar uma boa experiência para o público através de mecanismos que sejam divertidos e que levem ao engajamento. Com os conceitos e a ideia do que é preciso fazer, vamos usar uma ferramenta que mescle bem essas duas abordagens.

As técnicas e suas diferenças

Energizers e Gamificação são duas técnicas distintas que possuem características que se complementam muito bem. O Games tem a pretensão de estabelecer um conjunto de regras e objetivos em um sistema de retorno aos participantes, que pode ser, por exemplo, posicionamento em um ranking, badge ou prêmios materiais. Os energizers por sua vez tem uma proposta de facilitação, geralmente aplicado antes das reuniões com o objetivo de engajar pessoas de uma forma divertida para tirar o máximo de proveito das reuniões.

Um detalhe importante está nas diferenças entre as técnicas, pois embora os games remetam a coisas divertidas, não necessariamente são aplicados para o mesmo fim que os energizers.

Os Energizers podem ser para propor momentos de reflexão do time e isso pode ser feito gameficando ou não. Um exemplo de um energizer não gameficado é o Formando Triângulos, criado pelo Heitor Roriz e compilado no livro Fun Retrospective do Paulo Caroli. Neste Energizer é promovida uma reflexão de como times auto-organizados podem ser mais eficientes na realização de atividades.

Games podem ser divertidos e usados como energizers para facilitação de reuniões e Energizers não necessariamente precisam ser gameficados. Este entendimento é fundamental para saber quando usar cada técnica e quando combiná-las de acordo com a necessidade.

Para o nosso exemplo, conheceremos a ferramenta Kahoot, que vai encapsular a sistematização da gameficação. Assim focaremos em construir Energizers diferentes utilizando-a.

Kahoot

O kahoot é uma ferramenta online excelente para construção de jogos de integração. Ele permite a criação de um jogo baseado em perguntas e respostas com disponibilidade de um ranking e com uma dinâmica divertida.

No site https://getkahoot.com é possível criar uma conta e construir o seu game para o energizer.

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Energizer Gamificado para quebrar o gelo - Exemplo

É possível trabalhar com o Kahoot para diversas situações. Dentro das características dos times e contexto dos projetos ou pessoas pode-se criar os games para um energizer diferente.

Essa pode ser, por exemplo, uma forma bem interessante de fazer com que um time novo se conheça melhor através de um momento de quebra-gelo.

Existem diversas formas de fazer, mas vamos considerar para o nosso exemplo que você enquanto facilitador passou um questionário rápido para o time remoto perguntando coisas sobre eles como comida favorita, hobbie, filme favorito, etc.

A criação de um quiz é muito simples e intuitiva. É preciso montar seu questionário e configurar.

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Adicionar as perguntas também muito simples. Você escolhe as opções e define a correta. Um detalhe interessante é a configuração do tempo de resposta para os jogadores.

kahoot3 Ao finalizar você pode escolher o tipo de game que quer rodar. Pode ser cada membro do time com o seu device e jogando entre si ou você pode formar times. O kahoot irá gerar um PIN de acesso para o seu energizer para que compartilhe com o time, eles devem acessar o link https://kahoot.it.

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Pronto. Agora é só rodar com o time. O kahoot torna esse momento muito divertido e você poderá facilitar um energize bem dinâmico mesmo com todos do time estando remotamente conectados.

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Indo além

Enquanto facilitador você poderá tirar proveito dos energizers criados para ter uma leitura mais clara do perfil do time. Durante o game é possível avaliar comportamentos e também perceber o nível de sinergia entre os envolvidos. É preciso ficar atento e inovar constantemente com essas práticas. A medida que o time for se conhecendo e o facilitador for se familiarizando com interesses comuns das pessoas, poderá realizar games focados, como por exemplo, por temas como filmes ou séries. Esse ponto incomum com todos também ajudará no engajamento e sintonia do time.

A ferramenta torna-se um meio onde pode ser ampliado e explorado para criação de novos games e aplicação de outros energizers. O livro do Paulo Caroli, Fun Retrospectives, apresenta um compilado que pode ser adaptado para times remotos.

Por fim, como boa prática, defina o timebox para o seu energizer e o conduza de uma forma divertida. O momento é de descontração. Ao término do game certamente o facilitador terá pessoas mais participativas e engajadas na realização da tarefa que será proposta ao time.

Abraço!