O mercado possui uma demanda latente por profissionais sempre mais qualificados e experientes, mais preparados e completos. A disputa é constante por achar oportunidades melhores, e há uma frequente necessidade de repor uma peça perdida. Em um cenário onde muitos buscam e disputam pelo mesmo padrão cria-se um ambiente competitivo e agressivo, o que geralmente resulta e eleva o preço desses profissionais tão requisitados, nada mais justo.

Porém, é quase sempre possível enxergar oportunidades em cenários competitivos. Basta olhar as coisas um pouco fora do senso comum e pensar de uma forma diferente.

Manter profissionais para todo sempre na empresa acaba sendo algo “negativo” para ele e as vezes até mesmo para a própria empresa. A rotatividade, a mudança de pensamento, os diferentes pontos de vista são coisas boas no fim das contas.

Neste contexto talvez nos caiba pensar. E se olharmos mais para os Jr’s?

E se você aceitar que um dia seu melhor profissional vai embora, e ao invés de correr atrás do prejuízo você já comece a se preparar?

Pois bem, vamos discutir um pouco sobre como se preparar para cenários assim.

Cultura colaborativa e aprendizagem

Um bom início é estabelecer uma cultura colaborativa e que promova a troca de experiências e aprendizagem. Não é preciso investir grana para isso, é preciso organizar seu processo para um modelo que permita esse tipo de iniciativa.

Imagine que ao término de cada rodada de um projeto ao invés da pressão para o início da próxima fase exista um momento de imersão e troca de experiências e produção de informações relevantes daquilo que foi aprendido.

Durante esse processo de imersão você pode aplicar dois modelos de aprendizagem muito poderosos. O PBL (Problem/Project Based Learning) e/ou o CBL (Challenge Based Learning), essas são as metodologias de inovação educacional utilizadas pela Google e Apple respectivamente.

Trazendo esses modelos para uma realidade de desenvolvimento, para o momento final após a conclusão de sprints ou fechamento de releases, a aplicação do PBL é mais interessante para validar o aprendizado e através desta ação disseminar, produzir e replicar o conhecimento.

Aproveitando o momento que antecede uma nova fase, a aplicação do CBL para colaboração e engajamento para enfrentar novos desafios acaba por ser a melhor estratégia.

Se você se interessou por PBL e CBL e quiser saber um pouco mais, deixa aí nos comentários.

Times de alta performance são formados e não nascem prontos

Estimular o desenvolvimento de habilidades comportamentais em um time com características predominantemente técnicas pode render profissionais mais bem qualificados ainda.

Uma prática interessante é criar momentos para trilhas internas onde os profissionais possam trazer assunto que eles considerem relevantes e explica-los ao restante da equipe. Essas trilhas internas darão oportunidade do desenvolvimento da oratória, de se promover canais de ensino fomentando tecnologias e disseminação de conhecimento.

Aquilo que é apresentado como exemplos, em momentos de trilhas, pode ser compartilhado com uma comunidade. A ideia opensource, além de tudo, possibilita causar relevância no mercado e até mesmo identificar quem se identifica de forma prática com a sua cultura ou produto.

Por fim, registrar esses momentos ou assuntos rende uma base de conhecimento que pode ajudar impactando as pessoas e o seu próprio time, acelerando o seu processo de desenvolvimento dos profissionais Jr’s, por exemplo.

Empoderamento a quem tem fome 

Além das práticas mencionadas acima, existem outras que possibilitam ganhos significativos e aceleram o processo de aprendizagem, e voltando ao começo da nossa conversa. Acredito que políticas internas de empoderamento a Jr’s, buscando a formação do desenvolvimento de seu perfil e habilidades, possam ser mecanismos interessantes. Mas não é só dar oportunidade a quem está começando, e sim apresentar isso como algo positivo, como algo promissor para a sociedade. Mudar o mindset das pessoas ao ouvirem aqueles que estão começando, ao falarem com orgulho que estão em um momento inicial, e valorizar o seu desejo em contribuir com algo.

Programas de training, estágios ou até mesmo a contratação de Jr’s com o foco no desenvolvimento do profissional pode ajudar times a não só descobrirem, mas formarem novos talentos dentro de uma empresa. Ouvir e oferecer oportunidade para pessoas terem voz e mostrarem que elas podem não possuir a faca e o queijo nas mãos, mas que possuem a fome para fazer o resultado acontecer.

 

Um pouco da nossa história  

Acredito muito na formação de pessoas e acho que o mercado enxergando mais do que habilidades técnicas ganha mais, buscando profissionais iniciantes e com vontade de aprender e crescer.

Programas de aceleração em parcerias com centros de educação, relacionamento mais presente das empresas com a universidade. Essas podem ser iniciativas promissoras.

Atuo em um grupo educacional e coordenado um time cuja rotatividade é altíssima, mas atualmente me orgulho disso. Hoje usamos isso ao nosso favor, pois entendemos que o nosso papel, também, é o de formar profissionais, e cada dois anos nossas estatísticas mostram que pegamos alguém Jr da universidade e preparamos para ser absorvidos por grandes empresas e isso nos deixa felizes também. Como ação do nosso papel perante a sociedade, para promover a equidade de oportunidade no ambiente de trabalho, nós mudamos desde o nosso seletivo até as nossas rotinas.

Todo nosso contato com as pessoas que desejam fazer parte do nosso time é fomentando a formação de equipes e todo trabalho baseado na colaboração. Da parte teórica a pratica no github, até os novos ingressantes se depararem com o nosso ambiente voltado a aprendizagem. Atualmente temos iniciativas muito positivas como o nosso #Sextou, onde nos desligamos por uma hora das rotinas e trazemos algum assunto voltado a tecnologia para que possamos discutir em conjunto. Se ficou curioso confere o link com uma descrição bem rápida da nossa cultura. Nós acreditamos que iniciativas como essa e outras possibilitam o engajamento que precisamos para formar e gerar valor a empresa e aos nossos times.

Por fim, uma das maiores ferramentas que qualquer empresa pode ter é o engajamento de seus colaboradores em prol da mesma direção. Fomentar isso não é fácil e nem simples, mas é refletindo sobre como serão os passos para se chegar lá é que já saímos da inércia para uma maravilhosa caminhada.