Trataremos neste post sobre uma reflexão, algo que é obvio mas que merece dois segundos de atenção.

Pois bem, é comum para o critério de seleção toda empresa constatar que um profissional extraordinário, de TI, pode ser a melhor aquisição para o setor, mas será mesmo?

Ao longo de alguns processos seletivos pude avaliar alguns candidatos e perfis. Não é fácil achar um profissional que realmente fuja a curva, talvez seja essa a grande tentação para que um indivíduo assim “tenha que fazer parte da sua equipe”. Mas é preciso ressaltar muito bem o conceito de equipe antes de incorporá-lo.

Não é raro profissionais bons não se adequarem a uma equipe e ao modelo de processo da empresa. Estou falando de fato de casos excepcionais, de profissionais que realmente são diferenciados, se você já teve a oportunidade de avaliar alguém assim talvez entenda do que falo. Profissionais assim tem um leve ar egocêntrico em sua personalidade e são menos suscetíveis a aderência de modelos e padrões internos. Este individuo é alguém exponencial, capaz de produzir muito, e sem ajuda. É daqueles que você entrega um projeto e ele resolve sozinho. Basicamente o sonho de consumo de qualquer Direção distante de boas práticas e uma visão além. Mas cá entre nós, é tentador um super-profissional assim, pensem na redução custo. Você tem 3 pelo preço de 1. Sensacional. Será mesmo?

Ter alguém que produz muito, mas produz só, é benéfico para um setor?

Um projeto de um homem só merece parabéns ou será que tende a um alerta para a gestão, afinal o conhecimento compartilhado é um dos fatores de sucesso para a evolução de uma equipe, as práticas ágeis fomentam essa ideia.

É claro que o “super-profissional” pode ser completamente moldável ao seu processo interno, a questão não é essa. O questionamento está no “deposito de fé” sobre aquele único profissional. Por mais incrível que seja um único membro não pode ser considerado a “bala de prata”. Lembre-se que você gerencia recursos e a integração destes pode ser um fator diferencial.

Uma empresa que cria ilhas e mitos dentro de seu próprio setor cria também “pais de projetos”, ou seja, após sua super entrega realizada com custo bastante reduzido, afinal você utilizou sua bala de prata, você passa a ter uma única pessoa a oferecer suporte e manutenção de trabalho, um único conhecedor das regras, um único responsável. Não me entendam errado, é perfeitamente possível outros conhecerem e se integrarem após a entrega, mas até lá você precisa criar a ponte e os novos membros terão que fazer a travessia. E falo de uma ponte de madeira, no melhor estilo Indiana Jones.

Note que a partir deste momento você já passa a ser refém de um profissional, a saída dele pode ser prejudicial para o suporte e evolução do projeto.

Quando você deixou claro para sua equipe que apenas a sua bala de prata resolveria a situação, criou também um mito de complexidade, psicologicamente você traz aos membros menos experientes algo lógico.

Se a “bala de prata” resolve qualquer problema complexo sozinho e se a bala de prata fez o “Projeto A” sem a ajuda de ninguém. Logo o “Projeto A” é extremamente complexo.

Esse mito causa na sua equipe uma cultura ruim e a medida que você for renovando seu quadro esse mito será propagado e você terá então semeado o mito do super desenvolvedor, o mito do projeto que ninguém consegue entender, o mito que só “indivíduo A” pode resolver.

Você terá desestruturado completamente sua equipe sobre o conceito de equipe, o conceito de time.

Enfim, não me entendam errado, filosoficamente todos estes pontos são pautados em experiências vivenciadas em um respectivo modelo de processos, mas que acredito que possam servir, de alguma forma, como reflexão sobre determinados contextos.

Por fim quero apenas terminar ressaltando que não é interessante criar “balas de prata” e sim trazer um pilar mais solido para um alicerce já montado.

Abraço!